Atual campeã olímpica na Rio-2016 e campeã mundial na Classe 49er FX, a niteroiense Martine Grael confirma participação na 70ª edição da Regata Santos-Rio, a mais tradicional do país classe Vela de Oceano, que tem largada marcada para às 12h da sexta-feira, dia 23 de outubro.
Martine, que brilhou nos jogos do Rio, na Baía de Guanabara, em 2016, e ainda venceu um Campeonato Mundial em 2014 ao lado de Kahena Kunze, fará sua terceira participação na Santos-Rio que é considerada a regata mais difícil do país. “Acho que a Santos-Rio tem que esperar de tudo, vento forte, chuva, pouco vento”, disse Martine que está em Portugal, em treinamento com o Time Brasil, visando os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021:
“O recorte da nossa costa com montanhas e baías faz o velejador ter que ter uma percepção boa do vento. A previsão do tempo dificilmente capta alterações locais. E a tática varia entre se aproximar da costa ou se afastar. Geralmente o resultado só se percebe horas depois”, explicou a velejadora.
A família Grael estará presente na 70ª Santos-Rio de uma maneira peculiar. O pai de Martine, Torben Grael, bicampeão olímpico e dono de cinco medalhas nos jogos, marcará presença, assim como Lars Grael, irmão de Torben e tio de Martine, dono de duas medalhas de bronze. Todos estarão em barcos diferentes. Lars vai em seu novo barco, o Avohai.
Martine destaca a disputa saudável com a família e a experiência a favor de seu pai e tio. Ela terá a missão e ‘derrotá-los’. Torben tem cinco conquistas como comandante e Lars um título: “Acho que rola disputa entre todos os barcos. E é claro que todos imaginam ganhar. Mas tenho um respeito enorme pelo meu pai e meu tio e a experiência dos demais velejadores. Não vou para chegar atrás, mas também não seria nenhum vexame. Aliás, é a minha terceira Santos-Rio. E com esse negócio de barco a vela já viu que experiência conta e muito!” finalizou a jovem velejadora.
Desfile de Barcos na Baía de Santos e presença do Navio-Veleiro Cisne Branco
Antes da largada no dia 23 de outubro, a 70ª edição da Santos-Rio terá um desfile na Baía de Santos, a partir das 10h30, com a presença de todos os barcos dando destaque para os veleiros campeões. O desfile acontecerá entre o Pier dos Pescadores e o Navio-Veleiro Escola Cisne Branco, da Marinha do Brasil, que fará uma salva de canhão para cada veleiro vencedor da regata. Por conta do desfile, o Porto de Santos ficará fechado em torno de uma hora.
A disputa, com organização do Iate Clube de Santos e do Iate Clube do Rio de Janeiro e apoio da Associação Brasileira Veleiros de Oceano, a ABVO, acontece por 180 milhas náuticas, cerca de 300 km e já tem velejadores e veleiros confirmados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Santa Catarina e Bahia.
Além da família Grael, outros grandes nomes estão confirmados, como o medalha de bronze, Kiko Pelicano, o campeão mundial, Samuel Gonçalves, o velejador olímpico e recordista de tempo da Santos-Rio em 2015 (veleiro Cumiranga), Samuel Albrecht, e Henry Boening, o Maguila, proeiro de Robert Scheidt.
Lembrando que os Veleiros de Oceano farão parte da próxima edição dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024 com barcos de 30 pés e dupla mista com um homem e uma mulher como tripulantes.
Também em comemoração à data, o Iate Clube de Santos, Embaixador La Belle, classe no Brasil, oferecerá aos três primeiros colocados da classe Clássicos, o troféu que representa o prêmio internacional da regata de veleiros clássicos mais antiga do mundo, organizada pelo Yacht Club de Monaco.
“Somos o único clube da América Latina com aprovação de levantar esta flâmula e poder fazer isso na comemoração das 70 edições da Regata Santos-Rio é uma satisfação imensa também abraçada pelo ICRJ e a ABVO”, disse o Comodoro do Iate Clube de Santos, Berardino Antonio Fanganiello.
José Roberto Braile, mais conhecido no meio como Pré-Braile, Contra-Comodoro do Iate Clube do Rio de Janeiro, realizou sua primeira Santos-Rio em 1963. Irá por mais um ano no veleiro Sorsa. Ele já perdeu as contas de suas participações: “Não sei quantas eu fiz ao redor de 40. Fiz muitas com o veleiro Saga, sempre tendo companheiros ótimos tripulantes e muitas vezes campeões de monotipos”, disse Pré-Braile.
“A Santos-Rio é a mais antiga regata oceânica do Brasil. Uma forma de aproximação de velejadores cariocas e paulistas. Às vezes de contra-vento intenso desde a largada até a chegada. Outras, de vento favorável o tempo todo. A regata desenvolveu bastante a Vela de Oceano e fez com que os brasileiros partissem para desafios maiores que acabou culminando na Volta ao Mundo no barco Brasil 1”, completa o Contra-Comodoro.
“Essa edição terá muitos barcos e o ICRJ, como sempre, fará tecnicamente uma excelente cobertura da regata e uma ótima recepção aos velejadores”, finalizou.
Haverá mudança na recepção e na premiação por conta da pandemia na noite que antecede a largada. O evento é aberto com um jantar de boas-vindas oferecido pelo Iate Clube de Santos às tripulações e seus familiares. Neste ano, em função do isolamento social, a organização e os dirigentes do clube oferecerão um coquetel especial para os comandantes, no Mirante da sede Guarujá, onde acontecerá a entrega dos kits, compostos por camiseta do evento + boné/viseira do ICS para todos os velejadores. Respeitando todos os protocolos de distanciamento social e higienização exigidos pelo Governo do Estado de São Paulo .
Já a cerimônia de premiação fica a cargo do Iate Clube do Rio de Janeiro. Tradicionalmente há uma festa após a cerimônia de premiação regada à muita cerveja, mas por conta da pandemia a mesma foi suspensa.
As disputas serão nas classes ORC, IRC, BRA-RGS e BRA-RGS Clássicos com inscrições abertas. Mais detalhes pelo Aviso de Regata – https://www.icrj.com.br/vela/outubro-20/223-24-10-2020-70%C2%BA-regata-santos-rio.html
Após a disputa da 70ª Santos-Rio será realizada a 51ª edição do Circuito Rio entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro com organização do Iate Clube do Rio de Janeiro. O Circuito Rio valerá como o Campeonato Brasileiro da classe ORC.