Muito comum em atletas de alto rendimento, a hérnia de disco afeta cerca de 5,4 milhões de brasileiros e pode ter grande impacto na qualidade de vida do indivíduo
A hérnia de disco é uma doença séria, que exige tratamento e, em alguns casos, intervenção cirúrgica. Segundo o IBGE, ela atinge 5, 4 milhões de brasileiros e, em 2023, foi a primeira no ranking das causas de incapacidade no trabalho, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social. Caracterizada pela inflamação, desgaste e consequente alteração na posição dos discos intervertebrais, a condição provoca fortes dores, podendo levar à perda da mobilidade. É mais comum na região lombar, mas é mais perigosa na cervical.
O especialista indicado para o tratamento da patologia é o neurocirurgião, pois boa parte dos casos exige tratamento cirúrgico. “A hérnia pode comprometer a medula. A compressão da região pode gerar dificuldade de marcha, fraqueza de um dos braços ou de algum membro inferior. Nesses casos, é preciso intervir rapidamente”, alerta Orlando Maia, membro da Câmara Técnica de Neurocirurgia do Rio e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN).
O médico explica que, entre as vértebras da coluna, existem os discos com estrutura gelatinosa e elástica, que funcionam como um amortecedor, para proteção contra atrito e impacto. Com o desgaste, os discos saem do lugar, e as vértebras comprimem os nervos, o que causa os maiores transtornos.
Causas da hérnia de disco
As causas mais comuns são o sedentarismo, hábitos de vida não saudáveis, exercícios de alto impacto e carregar muito peso de forma a exigir constantemente da coluna. Por isso, é uma condição muito comum em atletas, mas também podem existir fatores genéticos. O arremessador de peso brasileiro Darlan Romani foi cortado na véspera das Olimpíadas de 2024, por causa do problema. Ele teve que realizar uma cirurgia para correção, pois os medicamentos e tratamento convencional não estavam mais surtindo efeitos. Segundo o médico da delegação brasileira, André Guerreiro, o atleta sofria com a recidiva de uma hérnia nas vértebras L4 e L5, na região lombar, que já havia sido tratada com correção cirúrgica há três anos e meio, antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Na ocasião, o brasileiro conseguiu se recuperar a tempo de participar da competição e conquistou o 4° lugar. Dessa vez, o atleta teve que deixar a equipe olímpica para se tratar.
Recentemente, a ex-atleta de vôlei da seleção brasileira, Márcia Fu, também teve problemas devido à doença. Ela desmaiou depois de uma forte crise de dores e precisou ser internada. A atual apresentadora declarou que realizou um procedimento chamado rizotomia sacroilíaca, entre o quadril e a perna e que, depois de muito tempo com dores, agora se sente melhor. “A hérnia tem diferentes gravidades e localizações na coluna. A união desses fatores e, claro, uma avaliação criteriosa, do especialista, vai definir o tratamento adequado”, explica o neurocirurgião, Orlando Maia.
Sintomas
Os sintomas vão depender de onde está a hérnia, podendo incluir: formigamento com ou sem dor; dor na coluna; dor na coluna e na perna, ou só na perna, ou coxa; dor na coluna e no braço, ou apenas no braço. O médico acrescenta que, em casos mais graves, pode existir dor incapacitante e progressiva; sintomas neurológicos persistentes de alteração de sensibilidade e considerável perda de força nos membros. Em casos raros, pode até existir a dificuldade da função urinária ou fecal.
Tipos de tratamentos
“Atualmente existem diversos tipos de tratamentos: desde medicamentos até procedimentos minimamente invasivos e cirurgia. Uma opção muito utilizada em crises com menor risco, é a técnica da infiltração – que é a injeção de medicamentos em pontos específicos da coluna para alívio da dor e lubrificação para diminuição do atrito das vértebras. O paciente normalmente tem alta no mesmo dia e pode voltar às atividades em 24 horas”, destaca Orlando Maia.
Na lista de tratamentos menos invasivos, há também a microcirurgia, feita com o auxílio de microcâmeras, introduzidas por pequenos tubos e guiadas por um microscópio cirúrgico. O objetivo do procedimento é remover a hérnia e corrigir o local, para que a região se regenere. Já nas rizotomias por radiofrequência, como a feita pela ex-voleibolista Márcia, são inseridas agulhas, em pontos estratégicos, para cauterizar pequenos nervos das articulações da coluna. “É um procedimento simples e seguro que pode trazer grande alívio para a dor de alguns pacientes, principalmente aqueles que apresentam dor lombar intensa”, completa Maia.