Nascido na Bolívia e naturalizado brasileiro pelo casamento e depois americano, no final de sua vida, o dentista e cantor de boleros George Patiño, 78 anos, faleceu no último dia 7 de junho nos Estados Unidos por complicações em função da COVID-19.
Nos anos 80 e 90, foi um divulgador incansável do bolero e de canções folclóricas latinas no Rio de Janeiro por meio de seu grupo vocal “Los Latinoamérica-nós”, que se apresentou em muitos lugares da cidade. Em 1996, encerrou suas atividades como dentista e partiu rumo aos Estados Unidos, onde fixou residência e permaneceu até sua morte.
Com objetivo de contar sua trajetória, tendo como pano de fundo grandes clássicos do bolero e como cenário a cidade do Rio de Janeiro, além da Bolívia e dos Estados Unidos, seu filho, o jornalista e produtor cultural George Patiño Jr lançou campanha de financiamento coletivo pela plataforma Kickante (kickante.com.br/boleros-do-mundo). A ideia é, por meio de crowdfunding, levantar R$ 220 mil e assim realizar a empreitada. Também é possível fazer doações do exterior através do sistema pay pal e é possível ainda a doação de pessoas jurídicas.
“Quero fazer um documentário que atinja ao maior número de pessoas. Uma homenagem de um filho para um pai, um resgate de uma relação que se perdeu por 24 anos, mas que seja universal. Também um tributo ao bolero, gênero que está na memória de muitas gerações. As academias de dança de salão, por exemplo, foram muito importantes para a revitalização do gênero”, observa o autor da homenagem, que leva o nome do pai, e que irá assinar a direção, roteiro, pesquisa e fará as entrevistas do documentário.
Além de dentista e cantor de boleros, Patiño também foi ator amador e participou, no Rio, de algumas montagens de musicais originais da Broadway como “The King and I”, “My Fair Lady” e “Guys and Dolls”, entre outros, encenados por um grupo inglês de teatro “The Players”. Foi ainda professor-assistente da Escola de Saúde Pública da Fiocruz, editor da Revista Brasileira de Odontologia, fotógrafo amador e membro da American Society do Rio de Janeiro, associação que congrega americanos expatriados na cidade.
Além do bolero, outra paixão do dentista era a música brasileira. Em especial, o samba-canção e a bossa-nova. Por conta desse amor, sempre com sua filmadora a tiracolo, frequentava shows de artistas como Tom Jobim, Roberto Menescal, Carlos Lyra e Tito Madi. Deste último, precursor da bossa-nova e um dos grandes nomes da música brasileira, ídolo declarado do Rei Roberto Carlos, acabou se tornando amigo.
Ex-integrante do quarteto carioca de música instrumental Maogani e também do grupo de Patiño, oviolonista peruano Sergio Valdeos, 51 anos, hoje residente na Suíça e tocando sua carreira internacional, relembra como começou a amizade do dentista com o cantor Tito Madi: “Íamos a quase todos os shows do Tito e eles acabaram grandes amigos”, relembra Valdeos, que virá ao Brasil em dezembro especialmente para gravar sua participação no documentário. “O George foi uma pessoa muito importante assim que cheguei ao Brasil. Acreditou em mim e me deu a mão”, completa.
O jornalista e correspondente americano Harold Emert, primeiro oboísta da Orquestra Rio Camerata, também sente falta do amigo: “Lembro-me bem de seu entusiasmo com as artes, que ia desde cantar boleros a participar de elencos de shows da broadway no Rio. Em sua casa, no Flamengo, a porta estava sempre aberta para receber amigos, imigrantes e artistas”, pontua.
Formações do grupo vocal “Los Latinoamérica-nós”
George Patiño – voz e percussão
Evanir Carvalho – voz
Sergio Valdeos –violão solo
Roberto Pizarro – violão
Edgar Hamann – violão
Pedro Díaz – violão
Rafael Patiño – percussão
Campanha de Financiamento Coletivo para o doc Boleros do Mundo
Link: kickante.com.br/boleros-do-mundo
Email: George.patino71@gmail.com
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