O Governo do estado irá implantar núcleos para atendimentos às famílias de crianças desaparecidas na Baixada Fluminense e no interior. A informação foi trazida durante audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que apura os casos de desaparecimento de crianças no estado nesta quinta-feira (19/08). Durante o encontro, os integrantes do colegiado defenderam a assistência imediata e treinamento específico dos profissionais às famílias nas delegacias, para um atendimento mais humanizado.
“Temos visto uma grande falha em relação à assistência oferecida nas delegacias às famílias que procuram por seus entes desaparecidos. Geralmente a maior incidência de casos acontece principalmente entre a população mais carente. Há denúncias de mães que vão em busca de ajuda e os próprios policiais incentivam as mesmas a desistirem e, muitas vezes, recebem informações que seus filhos já foram executados sem mesmo haver uma investigação sobre o caso”, destacou o presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PSL).
Secretário estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Matheus Quintal afirmou que os atendimentos aumentaram em 2021. “Houve um acréscimo de 50% nos números de desaparecimentos este ano. Devido a esse aumento, vamos implantar 16 núcleos para atendimento dessas famílias com serviços de atendimento jurídico, social e psicológico, e o Governo do estado já está disponibilizando recursos para isso. A maioria dessas unidades será instalada nos municípios da Baixada Fluminense e no interior do estado”, garantiu o secretário.
Maioria das famílias atingidas em situação de vulnerabilidade
A vice-presidente da comissão, deputada Renata Souza (PSol), afirmou que o mal tratamento segue o perfil da desigualdade social. “A grande maioria que procura auxílio são mulheres pretas e famílias pobres em situação de completa vulnerabilidade”, ressaltou a parlamentar. Knoploch disse ainda que a Baixada Fluminense lidera o ranking de números de desaparecimentos. “Isso se deve à diferença da realidade das crianças, que têm o hábito de brincar nas ruas. Muitas vezes devido a isso acontecem os sumiços”, lamentou.
A secretária estadual de Vitimados, tenente coronel da PM, Pricilla Barletta, disse durante a audiência pública que o mais importante é ter uma boa interlocução com os territórios mais carentes, para obter informações preciosas vindas das lideranças das comunidades. “O atendimento especializado deve acontecer desde o desaparecimento, com assistentes sociais e psicólogos, e faltam profissionais capacitados.”, salientou.
O relator da CPI, deputado Danniel Librelon (Rep, pontuou a necessidade de se ter empatia com a dor dessas famílias”. Já tratamos aqui diversas vezes sobre a questão da demora no atendimento nesses casos. Além disso, precisamos reforçar que a gente não precisa fazer parte ou ter um familiar desaparecido para dar valor ao tema ou atenção a esse problema. Precisamos ter empatia e responsabilidade social com todas as famílias dos desaparecidos”, disse Librelon. Participaram ainda da reunião a deputada Tia Ju (Rep) e a subsecretária estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Luciana Calaça.
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