Trata-se de uma mostra que destaca o papel da mulher artista, em suas diferentes poéticas, linguagens e faturas. Até pouco tempo atrás, as mulheres, quando se destacavam nas artes, atuavam em segundo plano, excercendo a atividade como modelos. Certamente tivemos – e temos – grandes artistas mulheres, que, rompendo com as barreiras do preconceito e da misoginia, conseguiram levar seu acervo ao mundo – Frida Kahlo, Louise Bourgeois, Lygia Clark, Ligia Pape, Adriana Varejão, Rosalina Paulino, entre outras.
Antes retratadas nas pinturas de artistas predominantemente masculinos, hoje as mulheres estão à frente da produção artística, com mais autonomia e liberdade, ocupando cada vez mais espaço, expressando todas as suas múltiplas potencialidades e permitindo que suas emoções fluam de maneira profunda.
A mostra ‘Arte Contemporânea Feminina” traz, portanto, olhares múltiplos sobre o fazer artístico. As artistas Beatriz Basso, Ilca Barcellos, Mary Dutra, Flavia Fernandes e Isabella Pedreschi estarão, a partir do dia 05 de maio até o dia 20 de junho de 2021, estabelecendo um diálogo polifônico entre as salas do Centro Cultural Correios (CCC-RJ) e interagindo por meio de suas obras, instalações, sons, vozes e personalidades.
As obras de Beatriz Basso, artista abstrata, são caracterizadas por gestos, cores e texturas, em diversas técnicas pictóricas, através das quais explora e transmite a emoção colocada dentro de cada pincelada. Sua arte mostra, na força e na leveza da mulher, uma força da natureza, surpreendendo as sensações do novo, do desconhecido e do imaginário.
“Quero mostrar a força e a energia que uma obra de arte pode trazer para uma pessoa, quanta emoção uma pintura pode externar e as sensações que, transmitidas, ajudam a superar qualquer situação. Tenho como missão levar cor e beleza onde é preciso.”
Suas séries de pinturas trazem sempre uma reflexão em defesa do meio ambiente, herança das praias sem fim, matas densas e imensas, águas transparentes e cachoeiras poderosas, vivenciadas na infância de forma cativante, com uma identidade visual cheia de cores, que se conectam aos aspectos da vida contemporânea através de contrastes e conceitos que nutrem seu trabalho.
Desde 2013, Beatriz tem trabalhos em exposições, instalações e performances. Algumas obras estão em coleções particulares de Turim, Savona, Rio de Janeiro.
Para além desta instalação, a mostra apresenta também colagens digitais (nomeadas crossing-over). Recuperando o conceito do geneticista Thomas Morgan, as colagens recombinam fragmentos de desenhos realizados entre 2017 e 2020, e fotografias da exposição Squatting realizada em 2011, na qual as esculturas cerâmicas de Ilca Barcellos ocuparam o jardim do Museu Histórico de Santa Catarina. Os crossing-overs são, portanto, um conjunto de meta-trabalhos elaborados pelo entrelaçamento de obras realizadas entre 2010 e 2020.
Os trabalhos expostos revelam-se como uma intersecção de obras realizadas ao longo de uma década em faturas diversas – esculturas, instalações, desenhos e fotografias. Construídos por meio do diálogo entre arte e ciência, o natural e o artificial, o controle e o acaso, sintentizam em seu conjunto o próprio percurso artístico de Ilca Barcellos: “Iniciei na arte pelo tridimensional e pela cerâmica, aos poucos fui explorando outras faturas e linguagens: instalações, desenhos, esculturas, colagens e pinturas”. Indagada sobre quais as palavras representam a exposição “squatters”, Ilca Barcellos responde: “pulsar e transgredir”!
Ilca Barcellos é natural de Pelotas/RS, mas vive e trabalha entre Florianópolis/SC e Belo Horizonte/MG. Artista visual, graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestre em Biologia Vegetal pela Universite Pierre et Marie Curie, Paris VI, combina arte e ciênica para expressar seu duplo percurso.
Título da exposição: ARTE CONTEMPORÂNEA FEMININA
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