Livro Cobaias da Radiação premiado pela UBE-RJ

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O livro Cobaias da Radiação – a história não contada da marcha nuclear brasileira e de quem ela deixou para trás, da jornalista Tania Malheiros, niteroiense, acaba de ser premiado pela União Brasileira dos Escritores (UBE-RJ), na categoria “ensaio, investigação documentário jornalístico”, 2023-2024. O livro foi prefaciado pelos ícones do jornalismo, Cristina Serra e André Trigueiro.

Cobaias da Radiação releva com fotos e documentos inéditos a história da primeira instalação industrial nuclear brasileira, a Orquima, no Brooklin, São Paulo, nas décadas de 40 e 50, sucedida pela Usina de Santo Amaro (USAM) da Nuclemon e Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que deixou um rastro de mortos, desaparecidos e doentes. São eles as cobaias da radiação.
Tania conta como a indústria da morte foi criada, como se estabeleceu e fechou, após denúncia que fez em 1990, publicada nos Jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, que resultou em processo movido pela fiscal do Trabalho, Fernanda Giannasi e o Sindicato dos Químicos. Depoimentos emocionantes de algumas das vítimas e familiares dos operários mortos dão a dimensão do sofrimento e de quanto eles foram enganados pelos empregadores, durante décadas. Foram quatro anos de pesquisas e entrevistas, até a finalização da obra.

 

Um dos lançamentos ocorreu em julho deste ano durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA). No ano passado, Cobaias da Radiação foi lançado no Rio de Janeiro, na Câmara Municipal São Paulo, Niterói, Angra dos Reis, Caldas (MG), Festa Literária de Santa Maria Madalena; este ano, na Festa Literária de Queimados, na Baixada Fluminense.

“É uma grande honra ter sido abraçada com a minha obra por tantas organizações de lugares importantes interessados em conhecer a história de uma indústria que devastou a vida de um sem número de brasileiros, e de seus familiares. Agradeço imensamente o apoio nas entrevistas e muitas informações da Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção Nuclear (ANTPEN), fundada em 2006 para lutar pelas vítimas. Embora tardiamente, espero que se faça justiça e que nunca mais algo tão desumano se repita”, afirma Tania Malheiros.

Tania Malheiros
Trabalhou nos jornais O Fluminense, O Globo, Folha de S. Paulo, Agência Estado (AE), O Estado de S. Paulo, entre outros. Pelo Jornal do Brasil ganhou o Prêmio Esso (categoria Reportagem Científica, Tecnológica e Ecológica, em 1997). Autora de outros três livros, “Brasil a Bomba Oculta – O programa Nuclear Brasileiro” (1993/Gryphus), “Histórias Secretas do Brasil Nuclear” (1997/WVA) e “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear” (2018/Lacre). Parte de sua obra foi lançada pelo Instituto de Análises Estratégicas (ISA), na Alemanha. Desde 2018, faz jornalismo independente em seu Blog: https://taniamalheiros-jornalista.blogspot.com.

André Trigueiro
Parte do prefacio
“Uma história que permaneceria desconhecida, fossilizada na linha do tempo, não fosse o interesse da autora em procurar pessoalmente as cobaias da radiação para ouvir os seus relatos, testemunhar suas dores e as terríveis sequelas e mutilações que sofreram. Tania compartilha documentos originais, mapas e fotos que explicitam o absurdo. Os fatos apurados pela jornalista denunciam a irresponsabilidade de sucessivas administrações que negligenciaram a necessária remediação dos danos causados à saúde humana e ao meio ambiente. É inacreditável que esse passivo socioambiental permaneça impune. É inacreditável que qualquer projeto, sob qualquer pretexto, enseje tamanha desumanidade”, escreveu André Trigueiro em seu prefácio.

Cristina Serra
“Era uma história obscura, de tenebrosas transações, e que poucos ganharam muito dinheiro enquanto centenas de operários adoeceram e/ou morreram. Pessoas de suas famílias também foram contaminadas, já que as roupas dos trabalhadores eram lavadas em casa. Ainda hoje, os trabalhadores lutam na Justiça para ter direito a um plano de saúde que lhes garanta uma assistência minimamente decente. (…) a Orquima deixou um enorme passivo ambiental em estoques de material radioativo sujeitos à ação do tempo e do descaso. O relato sobre a indústria da morte é um capítulo vergonhoso e revoltante da história da energia nuclear no Brasil. Tania Malheiros reconstitui com obstinação e rigor, um crime de lesa-humanidade. E crimes de lesa-humanidade não prescrevem. Seu livro é um pungente libelo por Justiça”, escreveu a jornalista Cristina Serra em seu prefácio.
Informações: WhatsApp: 21 99601-5849

 

 


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