A especialista falará de situações que levam uma pessoa a desistir da vida, chamando atenção para sinais que ajudam na prevenção ao suicídio
Gestora do serviço de Psicologia e de Recursos Humanos da Oncomed, a psicóloga oncológica Christiane Couri ministrará palestra às 8h da próxima terça-feira (24/09), no Hospital Icaraí (HI). A especialista vai falar sobre situações que podem levar uma pessoa a desistir da vida, alertando para a necessidade da procura de ajuda. Voltado a médicos, enfermeiros, psicólogos e demais profissionais da saúde, o evento é gratuito e faz parte das ações realizadas pelas duas instituições dentro do Setembro Amarelo, campanha de conscientização e prevenção ao suicídio iniciada no Brasil há dez anos. Os interessados em participar devem chegar 15 minutos antes no auditório do hospital, que fica na Avenida Marquês do Paraná, 233, 13º andar, no Centro de Niterói.
A palestra é mais um fruto da parceria do HI com a Oncomed, clínica de oncologia criada há quase 30 anos em Niterói, com unidades também em São Gonçalo e no Rio de Janeiro. Entre os objetivos está a busca por compartilhar conhecimento e experiência para promover a formação de multiplicadores de informações que auxiliem na prevenção ao suicídio. Com um vasto currículo, Christiane Couri é mestre e doutoranda em psicanálise; especialista em psicologia oncológica pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) e em psicologia clínica de crianças, adolescentes e adultos pela PUC-Rio; membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBOP); membro participante do Campo Lacaniano de Psicanálise; e associada da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH).
Christiane contará com a participação da psicóloga Ana Luísa Mendez, da sua equipe da Oncomed, mestranda em psicanálise e especialista em psicologia clínica, paliativismo e psicologia hospitalar. Juntas, elas apresentarão reflexões baseadas na clínica psicanalítica de quadros que podem levar ao suicídio, entre eles, doenças como o câncer e a depressão.
“Nosso objetivo é aproveitar o Setembro Amarelo e chamar a atenção para pontos extremamente importantes, considerando a singularidade de cada caso, que sinalizam o sofrimento de pessoas que abrem mão da sua própria existência. Para tanto, vamos compartilhar um pouco da nossa experiência na clínica e no cenário hospitalar, numa palestra de interação com médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e demais profissionais que atuam diretamente na assistência de saúde”, explica Christiane Couri.
Um pouco de história
Idealizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria, o Setembro Amarelo teve a sua primeira edição em 2015. A campanha surgiu como desdobramento do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro, instituído em 2003 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), diante do expressivo aumento de casos no início do século. Segundo dados da própria OMS, no mundo o suicídio é a terceira causa de morte de jovens e adultos entre 15 e 29 anos, e a sétima de crianças de 10 aos 14 anos. A escolha da cor amarela como referência do Dia Muncial de Prevenção ao Suicídio, também adotada pelo Setembro Amarelo, remonta a 1994, quando o jovem americano Mike Emme, de apenas 17 anos, tirou a própria vida no Mustang 1968 que ele restaurou e pintou de amarelo. Amigos e familiares do rapaz distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e textos de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo problema de Mike. As mensagens logo ganharam o mundo e os pais do jovem iniciaram então a campanha Yellow ribbon (fita amarela), de prevenção ao suicídio.
Ao longo desses dez anos do Setembro Amarelo instituído no Brasil, uma série de ações vem colaborando para a conscientização da sociedade em relação ao tema que ainda é tabu. Palestras, debates, fita amarela, simpósios e publicações na mídia ajudam a criar um ambiente de conhecimento e esclarecimento, com avanços nas discussões registrados em espaços como a família, empresas, imprensa e poder público.
Ao contrário de outras campanhas (como o Outubro Rosa e o Dezembro Vermelho), o Setembro Amarelo ainda não foi oficializado em âmbito nacional, faltando para tal a criação de uma lei federal. No entanto, a data já é reconhecida em estados como Santa Catarina (desde 2018) e em diversos municípios que abraçaram oficialmente a campanha, iluminando durante todo o mês locais públicos com a cor amarela, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; o Congresso Nacional, no Distrito Federal; e o Estádio Beira Rio, em Porto Alegre.
O suicídio em números
Em todo o planeta, são registradas mais de 700 mil mortes ao ano por suicídio, superando os números até de guerras e homicídios. No mundo em geral o quadro tem melhorado com as campanhas de conscientização, mas nas Américas há um aumento expressivo. Somente em 2019, mais de 97 mil pessoas morreram por suicídio nessa região, e as estimativas são de que as tentativas foram 20 vezes maior que esse número.
No Brasil, o suicídio é considerado um problema de saúde pública e vem crescendo entre jovens. Estatísticas dão conta que 32 brasileiros tiram a própria vida diariamente, representando mais mortes que as provocadas pela Aids e muitos tipos de câncer. Num relatório da OMS de 2014 sobre os países com mais suicídios, o primeiro lugar do ranking é ocupado pela Índia, seguida da China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Sul, Paquistão e Brasil, na oitava posição.
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