Há quase cinco décadas juntos no palco, Madá, como é carinhosamente chamada por ele, estará ao lado dele com o show Oswaldo Montenegro – em turnê comemorando 50 anos de carreira, dia 10 de agosto, no Qualistage. Neste emocionante e variado espetáculo, o público acompanha a trajetória de Montenegro, que durante todo o show, interage com imagens de sua vida e carreira projetadas num imenso telão.
Além disso, é possível assistir ao Menestrel tocando simultaneamente mais de um instrumento, já que no palco, ao vivo, ele se reveza entre os violões de 6 e de 12 cordas e nas imagens aparece ao piano. Dessa vez, sucessos como “Bandolins”, “A Lista”, “Lua e Flor”, “Intuição” e a recém-lançada “Lembrei de Nós”, estarão misturados às histórias e cenas virtuais, que revelarão as origens das canções, expondo segredos das inspirações e aventuras do artista.
Madalena está ansiosa para o show – “Esse show é muito significativo para todos nós porque, literalmente, ele celebra nossos 50 anos de estrada. O painel de led, em imagens lindas e imensas, mostra a trajetória dos momentos mais importantes da vida de Oswaldo. Ali estão as pessoas mais importantes da vida dele, ali o público entende a importância dos afetos na sua persona, conhece os lugares mais relevantes em sua história. O show é praticamente uma biografia, em músicas e imagens, do Oswaldo, de nossas vidas”
Suas referências musicais dão o tom do seu trabalho – “Eu ouço muito música erudita. Por formação profissional e criação de família, é a que me faz bem quando preciso de algum alívio na vida. Dentro desse estilo, o que mais ouço é Bach, Vivaldi, Mozart, Beethoven, Schumann e outros tantos. Na minha infância também ouvia muito, por conta dos meus pais, Noel Rosa, Aracy de Almeida, Ataulfo Alves, Ary Barroso. Sempre ouvi muito MPB, também, principalmente Chico Buarque e Gil. Hoje ouço muito Zeca Baleiro, Alceu, Geraldo Azevedo”.
Filha do jornalista Heráclio Salles e da professora Josyra Sampaio, é a sexta de 7 filhos, nascida em 27 de março de 1957. Já muito pequena, com 7 anos, começou a estudar piano e teoria musical e não parou mais. Prodígio, com 14 anos descobriu os encantos da flauta transversal, na Escola Média de Música com o professor Nivaldo Souza. Não demorou muito para integrar a Orquestra de Câmara da Escola Média de Música de Brasília e começou, também, a fazer música de câmara, sua grande paixão.
E claro, sua presença passou a ser garantida nos “Concertos para a Juventude”, organizados e apresentados pelo Maestro Levino de Alcântara, no Sala Martins Pena, do Teatro Villa-Lobos, tanto em conjuntos de música de câmara como em orquestra.
Com 17 anos começou a cursar Biologia na Universidade de Brasília, e foi nesta época, em um concerto de música de câmara, que Oswaldo Montenegro a convidou a participar das gravações de uma série de programas sobre compositores da MPB que ele fazia, na época, na extinta TV Tupi de Brasília. A partir daí, selaram uma incrível parceria profissional, que permanece até os dias de hoje.
Na mesma época, Oswaldo a convidou para tocar no show de inauguração da Casa Noturna Preto 22, no Rio de Janeiro, casa que tinha como proprietário Flávio Cavalcanti. Ainda no Rio participaram de show ao lado de Alcione, Maria Creuza e Chico Anísio, dirigidos por Dori Caymmi.
Voltando para Brasília, Oswaldo a convidou para a montagem de seu primeiro musical, “João Sem Nome”, dirigido por Dimer Monteiro. Nesta montagem entraram pela primeira vez em contato com Hugo Rodas, resultando um grande sucesso na época. Oswaldo voltou a traçar no palco seu caminho com Madalena, convidando-a a participar do show “Ponta de Areia”, também em Brasília. A veia musical falou mais alto pra ela, transferindo o curso de Biologia, para o de Música, pela Universidade de Brasília, onde passou a estudar flauta com Odette Ernest Dias.
As participações para shows e espetáculos musicais em Brasília e no Rio passaram a ser rotineiros. Em 1977 Oswaldo foi convidado por Hermínio Bello de Carvalho a participar do Projeto Seis e Meia, no Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes (RJ) e lá estava ela, compondo a escala de músicos. Em função de ensaios e agendas, em 1977, no auge dos seus 20 anos, Madalena se mudou, com Oswaldo, para o Rio, onde continuaram a fazer shows e musicais.
Ainda em 1977 participaram do Projeto Vitrine, da FUNART, no qual Oswaldo foi apresentado como artista inédito por Sá e Guarabyra. Em outubro de 1978 Madalena viajou para a Alemanha, onde permaneceu por um ano. Lá, na cidade de Freiburg, fez curso de alemão e teve aulas de flauta. Dois anos depois, foi aprovada para o Conservatório de Música de Hannover, mas em julho do mesmo ano, ao invés de iniciar o curso, decidiu voltar para o Brasil. Chegando ao Brasil, retomou os estudos de música na Escola Nacional de Música, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, estudando flauta com o Professor Celso Woltzenlogel. Recomeçou então a tocar em orquestras e a fazer música de câmara.
Depois de um hiato de um ano, logo após participar do Festival da Tupi, classificada em 3º lugar com a música Bandolins, Oswaldo a convidou para tocar no Festival MPB 80, da TV Globo, no qual ele participou com a música “Agonia”, e dessa vez classificando-se em 1º lugar. Madalena começou, então, a participar das gravações dos discos de Oswaldo e em shows apenas no Rio. Até então, sua prioridade ainda era a Faculdade, mas não durou por muito tempo. A alma da artista falou mais alto.
Na década de 80, Oswaldo decidiu voltar a montar musicais, trazendo sua parceira para montarem o musical “Veja Você, Brasília”, um espetáculo suntuoso, com mais de 60 artistas da própria cidade. Madalena aceitou de imediato e seguiu para Brasília, onde fez com Oswaldo seu primeiro trabalho de assistente de direção. O musical foi um sucesso estrondoso na cidade e os dois, acompanhados de José Alexandre, Mongol, Deto Montenegro, Eduardo Costa, Raimundo Lima e Claudia Gama, foram para Belo Horizonte, onde realizaram o mesmo projeto-montagem musical com artistas da cidade. Em BH o espetáculo foi “Cristal”, que estreou em setembro de 81.
À essa altura, Madalena descobriu sua paixão pela montagem de musicais. Decidida a seguir essa carreira teatro-musical com Oswaldo, desistiu da Faculdade para se dedicar às montagens e shows. A partir daí seguiram-se diversos espetáculos musicais como “A Dança dos Signos”, “Léo e Bia”, “A Aldeia dos Ventos”, “Os Menestréis”.
Madalena conta como descobriu sua paixão por musicais – “Quando comecei a trabalhar com Oswaldo, nessa época ele já fazia shows em Brasília. Poucos meses depois de nos conhecermos, ele me convidou para participar da montagem de seu primeiro musical, João sem Nome. Eu vim da música erudita, sempre adorei fazer música de câmera e tocar em orquestra. Mas algo sempre me faltou, tanto que meu vestibular foi para Biologia, e não para Música. Quando pisei pela primeira vez num palco de musical, entendi o que me faltava. Fiquei fascinada pela união das artes – música, teatro e dança juntos se completavam. Aquilo me preencheu. E nunca mais nada me faltou”.
No início de 1987, durante a temporada de “Os Menestréis” e de “A Dança dos Signos”, no Teatro da Galeria, no Rio, Madalena deu à luz seu primeiro filho, Pedro. As montagens e excursões continuaram acompanhadas do pequenino Pedro. Em novembro de 1999, nasceu seu segundo filho, Rodrigo. Em 2000 foi com a família toda para Florianópolis, onde montaram “Lendas da Ilha”. Atualmente morando no Rio, Madalena continua no mesmo processo, shows, excursões, gravações de vídeos, trilhas e outros, ao lado do irmão-amigo Oswaldo. Sempre com a flauta a tiracolo para onde forem levados. E lá se vão, juntos no palco, construindo um legado importante para o cenário musical.
E lá está ela em um momento único, ao lado de Oswaldo Montenegro, celebrando uma trajetória de sucesso que marca a carreira de um dos maiores e emblemáticos músicos brasileiros, que entrou definitivamente para a história da MPB. E com ele, Madalena Salles sempre esteve presente em todos os projetos. Se conheceram ainda na adolescência e desde então não há um projeto que Montenegro não faça sem a musicista, que é musa em várias de suas canções.
A musicista conta qual foi seu maior realização – “Minha maior realização como musicista, sem a menor sombra de dúvida, foi quando soube que fiz bem a alguém. Saber que alguém curou a depressão porque começou a estudar flauta, depois de assistir a um show nosso. Ver a alegria ou a emoção nos olhos do público, quando toco alguma música. Claro, há momentos estritamente profissionais, como A Dança dos Signos, o musical pelo qual mais amor e realização tive, mas nada se compara a essa reação/resposta positiva do público”
Ela se tornou uma peça-chave na vida e obra desse grande ícone, o show ganha a riquíssima contribuição de Madalena Salles.
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