No dia em que comemora 72 anos de fundação (a Pestalozzi foi criada no dia 3 de dezembro de 1948), leia a entrevista com o seu atual presidente, José Raymundo Martins Romeo, sobre como a Pestalozzi vem enfrentando a pandemia e o planejamento para o futuro. Desde 2015 a frente da tradicional instituição de reabilitação com sede em Niterói, mas atendendo moradores de diversos municípios do Estado, José Raymundo prevê que instituições como a Pestalozzi terão papel fundamental na reabilitação de pessoas que foram vítimas da Covid-19 e se recuperaram. “A cada dia sabemos de problemas com os recuperados da covid que necessitam de fisioterapia e de cuidados especiais. Assim como no caso da zika, em que bebês nasceram com microcefalia e precisarão de reabilitação por toda a vida, a Covid-19 também deixará uma legião de pessoas que dependerão de nossos serviços. O poder público tem que estar atento para esse novo momento e nos dar estrutura de trabalho”, afirma ele que por duas vezes foi reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e que aos 80 anos abraçou o voluntariado através da Pestalozzi. “Acompanho o dia a dia da instituição por videoconferência. Tenho 80 anos e estou em isolamento social desde março”, conta.
Como a Pestalozzi está lidando com a pandemia? Já retomou as atividades?
Podemos afirmar que a instituição, em termos administrativos vem superando bem esse desafio imposto pela pandemia. Suspendemos por completo o nosso atendimento em março e desde então, estamos em sintonia com as diretrizes traçadas em decreto pela Prefeitura de Niterói. Desde novembro estamos autorizados a atender 50% dos pacientes do setor de reabilitação. Estamos cumprindo as metas. Também retomamos a produção de nossa Oficina de Órtese e Prótese em plena capacidade. Estamos atentos e vigilantes, seguindo todos os protocolos, como o uso de máscaras e equipamentos de proteção, fornecimento de álcool em gel e muita informação de como os usuários e os nossos profissionais devem se comportar nesse “novo normal”.
Como é o atendimento da Oficina?
Atendemos moradores de 68 municípios do Estado via SUS. São aproximadamente 250 pacientes por mês que nos procuram não só de Niterói, mas de municípios vizinhos, de Rio Bonito, Itaboraí, Região dos Lagos. Em média entregamos 350 equipamentos por mês, entre cadeiras de rodas, palmilhas, pernas mecânicas, cadeiras de banho e órteses sob medida.
As aulas para as crianças retornaram?
Não. Ainda não há autorização para o retorno das aulas do Centro Experimental Helena Antipoff, que é a nossa escola especial, que eu prefiro chamar de escola especializada. Ela é dirigida para crianças e jovens com deficiência intelectual. Muitas com severas dificuldades e que encontram na Pestalozzi não só o apoio educacional mas, sobretudo, para a sua reabilitação. A nossa escola retornará assim que tivermos autorização e segurança para os nossos profissionais e alunos. É um momento muito difícil e delicado.
A Pestalozzi está comemorando 72 anos e o senhor está como presidente desde quando?
Desde 2015 que tive a incumbência de substituir a professora Lizair Guarino, que dedicou a maior parte da sua vida para o crescimento da Pestalozzi e o movimento pestalozziano em todo o Brasil. Ela se adoentou e eu era o vice-presidente e assumi a tarefa na qual estou até hoje. Tenho orgulho desse trabalho, essencialmente filantrópico e que é 100% voluntário. O que recebemos é a satisfação de poder atender ao próximo. A Dra Lizair faleceu esse ano, também vítima de Covid-19 e nem pudemos prestar uma homenagem à altura da sua história com a instituição. Mas tão logo pudermos, iremos fazer.
Falando nisso quais são os projetos para 2021?
Primeiro, retomar nossas atividades integralmente. Mas isso depende de vários fatores que não estão apenas sob nossa vontade. Mas estamos trabalhando na recuperação e manutenção de espaços. Estamos trabalhando para que a Oficina de Órtese e Prótese tenha uma impressora 3D e queremos avançar no uso da tecnologia em prol da reabilitação e qualidade de vida da pessoa com deficiência. Pretendemos também retomar o projeto de ampliar o atendimento particular, através de uma clínica ambulatorial popular. Já reformamos o espaço e queremos focar mais nesse projeto a partir de 2021.
Como o senhor avalia esse período que o mundo está vivendo sob a ótica da Pestalozzi?
A Pestalozzi é uma instituição em constante evolução e já passou por vários períodos de dificuldade e bonança. Temos fé de que esse momento irá passar e brevemente estaremos retomando plenamente as nossas atividades. Enquanto isso é nos cuidarmos e cuidarmos de quem a gente quer bem. Avalio também que teremos muito trabalho pela frente. Em 2015 tivemos aquele surto de zika que causou o nascimento de muitos bebês com microcefalia. Passados cinco anos, pouco se fala sobre aquele surto. A Pestalozzi, por sua vez, atende diariamente crianças vítimas da doença. Creio que assim será com relação ao Covid-19. Muitas pessoas que contraíram o vírus precisarão de reabilitação e é necessário que o poder público dê estruturas para que possamos cumprir o papel de atender a todos eles.
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