Entrevista: Rodrigo Alvite supera a crise econômica da Covid-19 investindo no H Hotel.

 

 

 

Rodrigo Alvite, presidente do Polo Hoteleiro de Niterói e CEO do H Niterói Hotel, vem usando a inovação e a expertise para enfrentar a crise econômica ocasionada pela pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19). Alvite, que está há 26 anos no ramo da hotelaria, investou em em televisores smart, bicicletas elétricas para uso dos hóspedes, atendimentos personalizado e abre o empreendimento para reuniões corporativas. Assim, o empresário potencias a tecnologia, eficiência e conforto no hotel, gera engajamento entre lideranças e fomenta a a cultura da mobilidade e do desenvolvimento sustentável.
O empresário começou no setor aos 14 anos e inaugurou três hotéis – o último, o H Niterói Hotel, em 2014. É também presidente do Polo Hoteleiro de Niterói, um grupo de empresários e donos de 11 hotéis da cidade que se juntaram para buscar melhorias e desenvolvimento para o segmento. Atualmente, a cidade conta com 1.160 quartos.
Abaixo, confira entrevista na íntegra com o CEO do ramo hoteleiro:

 

1- Qual sua experiência de carreira?

Com uma bagagem de 26 anos no ramo hoteleiro, desenvolvi o amor pelo atendimento ao cliente. Meu objetivo é quebrar paradigmas a respeito de vendas e atendimento, te provando que fazendo o óbvio você consegue ter resultados. Faço isso através de muitas histórias e cases de sucesso com um toque de humor (pra vida ser mais leve).
Por onde começou a atuar?
O senso de vendas e liderança sempre fez parte da minha vida e ainda na escola fui presidente do grêmio estudantil. Comecei a trabalhar na hotelaria aos 14 anos e inaugurei 3 hotéis; o último que comandei a inauguração, em 2014, foi o H Niterói Hotel, onde sou CEO. Hoje também sou presidente do Pólo Hoteleiro de Niterói.
Meus próprios clientes do hotel me pediam para falar com suas equipes sobre negociação, vendas e atendimento. Então em 2015 fui convidado por uma grande empresa de energia para palestrar sobre o assunto e os convites aumentaram. Na palestra sobre vendas e atendimento ajudo as equipes a perderem o medo de vender e também a entenderem que, depois de conquistar o cliente, o grande diferencial para mantê-lo fiel é o CARINHO!

2- Como funciona a gestão de negócios do H Niterói?

O hotel funciona como um laboratório, onde eu posso aplicar tudo que acredito sobre atendimento ao cliente e vendas. Tudo que abordo nas palestras são coisas que já aconteceram no dia a dia, seja do hotel, como vendedor de um serviço, ou mesmo como consumidor. Dessa forma, fica mais fácil atingir a identificação do outro com o que apresento e fazer com que enxergue um caminho melhor de como aplicar certas situações ao seu negócio.

3- Como estava o cenário hoteleiro de Niterói antes da pandemia? A previsão para 2020 era boa?

Acreditávamos que 2020 era o ano da retomada da hotelaria. A expectativa era muito grande e o primeiro bimestre já vinha sendo compatível com o que a gente esperava. Imaginávamos que seria o melhor ano desde 2016, mas a expectativa foi por água abaixo depois da pandemia. A nossa estimativa era baseada em números. Em 2019 houve um crescimento em relação a 2018 e em 2020, pela procura, número de reservas antecipadas e eventos programados na cidade, tínhamos essa expectativa de retomada. Levando em consideração o H Niterói Hotel, foi o melhor janeiro e fevereiro desde a inauguração, em 2014. Vínhamos notando uma curva de crescimento e acreditávamos que seria um dos melhores anos da hotelaria em uns sete anos.

4- Em relação à crise atual, como espera buscar soluções para a sobrevida dos negócios?

O momento em que nos encontramos hoje é inédito. Rodeados de dúvidas e incertezas, nós, gestores e líderes, devemos mais do que nunca buscar nos reinventar para atravessar esse período de instabilidade generalizada. Hoje em dia, muitos falam sobre o período pós- coronavírus, tentando prever como o tão comentado “novo normal” será. Entretanto, cheguei à conclusão que hoje temos que nos preparar e viver o presente. Devemos ser especialistas no agora e olhar para o seu negócio pela ótica que ele permite. Olhar para o futuro com a perspectiva que nós conseguimos diante do nosso presente. Além disso, pela instabilidade do momento em que vivemos, as mudanças se tornaram contínuas. Portanto, estratégias a longo prazo são, muitas vezes, inviáveis.

Nós, como seres humanos e profissionais, temos o dever de espalhar a esperança tanto para clientes, quanto para colaboradores e amigos em meio a esse pânico gerado pelo coronavírus. Dessa forma, estamos contribuindo para um equilíbrio entre saúde e economia. Não conseguimos mensurar os desdobramentos desse pânico, pois hoje as empresas possuem subsídios do governo. No entanto, e quanto ao futuro? Quando a pandemia for controlada, os negócios terão seus custos reais, portanto, nós precisamos nos preparar para uma retomada, buscando maneiras de minimizar os prejuízos gerados pela crise.

Mantenha sempre em mente que o período atual irá passar, mas tendo consciência das marcas que serão deixadas tanto nos negócios quanto nas pessoas. Precisamos voltar, nos reerguer de forma consciente e segura, demonstrando que nossos negócios são humanos e garantem a segurança dos clientes. O atendimento será, mais do que nunca, uma importante conexão sólida entre cliente e negócio, conexão essa que deve ser construída à base de confiança. A retomada será gradual, mas, neste momento, devemos demonstrar que estamos aptos e preparados para ela.

5- O turismo é uma atividade que pode ser mais valorizada e receber mais investimentos?

Precisa de um investimento maior. Temos um produto muito forte no Brasil que são os turistas que chegam ao país e vão direto para a Região dos Lagos, saem do Galeão para Búzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo… Pode-se criar um produto onde o turista saia do aeroporto, já que os voos costumam chegar de tarde, durma em Niterói, conheça a cidade e vá de manhã para a Região dos Lagos para não chegar lá já à noite. Para isso, é preciso um maior envolvimento com as agências de turismo, pois não tem agência de turismo receptivo em Niterói (agência de turismo receptivo é a empresa com sede na cidade que você está visitando, com guias que morem no local e que ‘acompanham’ a viagem com dicas e resolução de problemas).

Uma cidade que quer falar de turismo e não tem uma agência de turismo receptivo ainda não conseguiu fazer o básico. E, se não tem agência ainda, provavelmente é porque para investir não deve ter retorno. Mas se a cidade quer ser turística e não houve investimento privado numa agência de receptivo, a prefeitura deve atacar essa ponta, que é necessária para fomentar o número de pessoas que recebe.

6- Como Niterói poderia investir em turismo para se diferenciar do Rio de Janeiro?

As praias de Niterói são muito bonitas, mas estamos concorrendo com o Rio. Por mais bonito que seja Camboinhas ou Itacoatiara, quando se falar em praia com um turista ele vai querer ir para Copacabana. Divulgar o turismo de Niterói como praia vai ser investir na desvantagem de estar próximo do Rio. Um bom plano seria fazer campanhas para faculdades de arquitetura da América Latina, por exemplo. Somos uma das cidades do Brasil com o maior número de obras de Oscar Niemeyer. Poderia montar excursões e campanhas para que as faculdades venham fazer trabalhos aqui, pois não seria uma competição com o Rio. Mesmo que a arquitetura do Rio seja rica, o nome do Oscar Niemeyer está aqui, vai ter um peso muito grande. Por isso temos que entender as características do lugar em que estamos. É duro falar isso, mas falo com tranquilidade por estar à frente do maior hotel da cidade. É preciso pensar com estratégia e não com o coração.

 


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