Colônia árabe de Niterói se solidariza com a tragédia do Líbano.

 

De coração partido e olhos atentos a colônia libanesa de Niterói acompanha os efeitos trágicos da explosão no porto de Beirute, Líbano, onde 2.750 toneladas de nitrato de amônio, substância usada na produção de explosivos e fertilizantes, geraram um estrondo com raio de grande destruição, ferindo cerca de 7 mil e levando a óbito 220 pessoas. Ainda há cerca de 110 desaparecidos. A Professora Titular de Direito processual e Civil da Universidade Salgado de Oliveira, Matilde Slaibi Conti, neta de João Caroni, libanês de Zahle, destaca a importância, neste momento, de haver uma missão brasileira chefiada por um descendente de libaneses como Michel temer, e, ressalta, que além de enviar remédios e alimentos, deve-se levar a paz, nesta viagem que reúne outros 11 brasileiros que ficarão na região de Beirute até o dia 15, sábado, em apoio humanitário. De Niterói, Matilde Slaibi, se comunica com a prima, a embaixatriz Aida El Khouri  – cujo irmão, George, teve as vidraças de casa estilhaçadas, mas não se feriu. Esta é esposa de Ishaia El Khouri, que foi embaixador do Líbano no Brasil, recentemente. Desta forma, tem acesso a dados da investigação da explosão, inclusive do bairro de Achrafieh, o mais atingido, que é de maioria cristã.

Tão comovida quanto todos os brasileiros, especialmente os de origem árabe, está a dermatologista Neide Kalil Gaspar, neta dos imigrantes libaneses Felipe Seba e Nami Kalil. Professora Titular de dermatologia, na Universidade Federal Fluminense, acredita que é preciso levar, urgentemente, recursos médicos, financeiros e tecnológicos, enfatizando o que é mais necessário. Dra. Neide, médica experiente em tragédia,  relatou sua imensa dor com a explosão. Foi voluntária no incêndio do Gran Circo Norte-Americado, em 1961, atendendo parte dos 800 sobreviventes, sentada num “banquinho”, em um dos andares do Hospital Universitário Antônio Pedro.

Maria Carmen Nazar, esposa do médico Aparecido Nazar, do Hospital Geral do Ingá, esteve no Líbano duas vezes. Uniu-se ao grupo de amigos brasileiros que conheceu aquela nação com ela e, juntos, irão enviar, diretamente à Bárbara Moutran Salamec, numa conta aberta especialmente para angariar fundos em prol dos sobreviventes, recursos próprios. Sua filha, a joalheira Maria Antonieta Nazar, deseja que, além da ajuda humanitária, o Líbano também venha ser suprido nas necessidades básicas e de moradia para as 300 mil famílias que perderam suas casas. E, ainda completa: “a nuvem que se formou, após a explosão, foi igualzinha a de Hiroshima. Pensar o quê? Muito difícil acreditar num acidente. Tenho uma amiga libanesa que me revelou que o povo, agora, se refere à capital do Líbano como ´beirushima´”, finaliza categoricamente.

Célia Boumaroun, casada há 40 anos com o libanês Roberto Couri Boumaroun, crê que Michel Temer precisa demonstrar um sentimento como se a calamidade tivesse acontecido no Brasil. “Ele deve passar segurança, confiança e mostrar que estamos juntos na dor e que somos irmãos. Tenho certeza que o sangue árabe de Temer irá apontar, com carinho, as necessidades desse país tão sofrido neste momento de perdas”, explica. Célia conta, ainda, que quando conheceu o Líbano, já estava familiarizada com o idioma e a culinária, por ser de uma família que, mesmo morando no Brasil, conservou, cotidianamente, os costumes árabes, especialmente na gastronomia, característica da maioria dos clãs de imigrantes, cujas muitas iguarias já estão incorporadas à vida dos brasileiros, como o quibe e a esfirra – disponíveis em quase todas as lanchonetes. Também atenta às providencias humanitárias, a ex-empresária do ramo de presentes e decoração, Ruth Haddad Rizk, que tem muitos parentes na colônia árabe de Niterói. Entre outros itens da cultura libanesa que conserva, vale citar uma coleção de receitas – muitas anotadas à mão, a destacar a do Mamul, que leva manteiga batida artesanalmente, esforço que prima por conservar.

Como estes, também estão solidários aos libaneses, os Saad, Stephan, Nemer, Tutungi, Seba, Chalhoub, Helayel, Mocarzel, Bedran, Amim, Haddad, Lasmar, Neder, Daher, Sader, Fadel, Curi, Tauil, Saud, Assef, Bittar, Cheade, Nasser e outros. Fazendo uma comparação, se este incidente tivesse acontecido no porto do Rio de Janeiro, Niterói teria a sua orla demasiadamente atingida, e, certamente, moradores do centro, Boa Viagem, Ingá e Icaraí perderiam suas casas. Até o fim desta edição não foi divulgada nenhuma causa para a explosão.

 

O antes e depois da região atingida no porto de Beirute.

 

Comparativo que revela o raio de destruição caso a explosão fosse no porto do Rio de Janeiro. Niterói seria demasiadamente atingida.

 


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