O público pode visitar a mostra agendando o ingresso, gratuitamente, pelo site ou aplicativo Eventim;
Atração reúne 186 obras do artista conhecido por criar um universo único, pautado pelo lirismo, pela
poesia e pelo amor à arte e à vida;
O uso de imagens e versões deste texto em outros idiomas estão em: www.agenciagalo.com/chagall
Visita à mostra “Marc Chagall: sonho de amor” no CCBBRJ (foto: divulgação)
Rio de Janeiro, abril de 2022 – A exposição “Marc Chagall: sonho de amor” estará aberta ao público
normalmente nesta quinta-feira (21/04), feriado de Tiradentes, e no fim de semana, quando serão realizados
os desfiles de Carnaval. As visitas podem ser agendadas pelo site ou aplicativo Eventim. Até 17 de abril
43.417 mil pessoas conferiram a mostra em exibição no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
(CCBBRJ), que permanece em cartaz até 6 de junho.
Com entrada gratuita, essa é uma oportunidade única de apreciar 186 obras do artista que marcou o século
20 pelo uso revolucionário das formas e das cores, pela criação de um universo lírico, poético e fantástico e
por sua trajetória única, pautada pelo amor que devotava à vida e às artes.
“Só o amor me interessa, e eu estou apenas em contato com coisas que giram em torno do amor”
Esta frase célebre de Chagall, de certa forma, orienta a exposição. Chagall enfatizava repetidamente que suavida e arte eram suas formas de expressar amor. Nascido em 7 de julho de 1887 no bairro judaico da cidade
de Vitebsk, na antiga Rússia, Marc Chagall viveu uma vida quase centenária, chegando aos quase 98 anos de
idade. Faleceu na França, em 1985, após atravessar a Revolução Russa e a 1° e 2° Guerras Mundiais, assistir à
criação e consolidação do Estado de Israel, e ser reconhecido como um dos nomes mais importantes da arte
moderna, sobretudo pela criação de uma linguagem artística única.
Logo na entrada da exposição, o “Sonho de amor” é anunciado pela instalação contemporânea Air Fountain,
gentilmente cedida pelo artista Daniel Wurtzel. Nas salas de exposição, o percurso contínuo apresenta uma
seleção de obras produzidas por Chagall ao longo da carreira, de onde emergem os temas: origens e tradições
russas; o amor e o exílio na representação do mundo sagrado; o lirismo e a poesia, reencontrados em seu
retorno à França, e o amor transcendente, uma ode ao sentimento de estar apaixonado, presente na figura
dos enamorados que flutuam nas telas ou estão imersos entre ramos de flores.
Segundo a curadora da exposição, Lola Durán Úcar, couberam na seleção obras “que mostram diferentes
técnicas e suportes que Chagall utilizou com grande virtuosismo: óleos, têmperas e guaches, litografias e
águas-fortes branco e preto e coloridas à mão”.
Entre os trabalhos de Chagall exibidos no Brasil, que contemplam o período de 1922 a 1981, pode-se destacar
o raríssimo guache O avarento que perdeu seu tesouro (L’avare qui a perdu son trésor), de 1927, produção
que dá início à série gráfica das Fábulas de La Fontaine (Fables, Jean de La Fontaine), encomendada por
Ambroise Vollard no final dos anos 1920 e impressa somente em 1952.
Também fazem parte da mostra as gravuras coloridas à mão da série Bíblia, animadas por um sentimento de
reconexão do artista com suas origens, com sua essência, com suas experiências na comunidade judaica de
Vitebsk. Além disso, a exposição conta com litografias publicadas em 1954 na revista francesa Derrière Le
Miroir – Edições 66, 67 e 68 – Marc Chagall: Paris, produzidas como uma homenagem do artista à cidade que
tão bem o acolheu, no auge de seu domínio técnico da litografia. A série é uma declaração do seu amor por
Paris.
Em cada seção da exposição encontram-se obras emblemáticas, entre as quais podemos citar: Os amantes
com asno azul (Les amoureux à l’ âne bleu), de c. 1955, O galo violeta (Le coq violet), de 1966-1972, Os
reflexos verdes (Le reflets verts), de 1964, Duas cabeças (Deux têtes), de 1966, Buquê de flores sobre fundo
vermelho (Bouquet de fleurs sur fond rouge), de ca. 1970, Os noivos com trenó e galo vermelho (Les mariés
au traîneau et au coq rouge), de 1957, e Primavera (Le Printemps), de 1938-1939, estas duas últimas
provenientes respectivamente dos acervos da Casa Museu Ema Klabin e do Museu de Arte Contemporânea
da Universidade de São Paulo (MAC USP), especialmente cedidas para a exposição. Segundo a curadora da
exposição, “as obras emprestadas pelas instituições brasileiras são de grande importância no discurso
expositivo”.
Módulos da exposição
A exposição apresenta quatro seções, que tratam de diferentes temas da obra do pintor russo. A primeira
parte intitula-se Chagall. Origens e tradições russas. Nessa seção estão presentes duas pinturas de
importância significativa, o Vendedor de gado (Le marchand des bestiaux), de 1922, e Aldeia Russa (Russian
village), de 1929. Também faz parte dessa primeira seção da mostra um dos mais importantes projetos de
Chagall, no qual sua ideia de tradição está intimamente ligada à vida campesina da infância e adolescência no
vilarejo de Vitebsk, na companhia de animais e cercado pela natureza. Destacamos a série gráfica completa
das Fábulas inspirada na obra de La Fontaine, escritor francês do século 17, na qual dialoga com a cultura
popular e mergulha no comportamento humano, metaforizado nos textos do escritor francês.
Chagall mergulha no universo onírico e reflexivo das fábulas, atraído por uma forma tradicional da arte
popular russa, os lubki, que eram pequenos textos com ilustrações coloridas usados para facilitar a educação
de pessoas com pouca formação.
Os trabalhos relacionados aos textos sagrados e ao universo espiritual de Chagall compõem o segundo bloco da exposição, intitulado Mundo Sagrado, que se subdivide em “Bíblia” e “A história do Êxodo”. Nele se
destacam as pinturas No caminho, o asno vermelho (En route, l’âne rouge), de 1978, e Davi e Golias (David et
Goliath), de 1981, além de gravuras coloridas à mão, que representam alguns dos capítulos mais importantes
do Velho Testamento, como Moisés e Arão diante do Faraó (Moïse et Aaron devant Pharaon), Travessia do
Mar Vermelho (Passage de la Mer Rouge) e Morte de Moisés (Mort de Moïse), estas com impressão realizada
em Paris em 1956.
Em 1930, Chagall foi convidado pelo colecionador de arte Ambroise Vollard a ilustrar textos sagrados. Antes
de iniciar as séries, e em companhia de sua esposa, Bella Rosenfeld, e de sua filha Ida, empreendeu uma
viagem à Palestina em 1931, que implicou não somente um retorno à sua tradição judaica, mas uma reflexão
profunda sobre sua identidade em comunhão com a natureza. A passagem do Êxodo da Bíblia, presente nesta
seção num conjunto de 24 litografias, encontra ressonância em sua trajetória pessoal, marcada pelo
dramático exílio nos Estados Unidos, onde se refugiou face à perseguição aos judeus durante a 2° Guerra
Mundial. O exílio foi tristemente marcado pela morte de Bella, em 1944.
O terceiro segmento da exposição, intitulado Um poeta com asas de pintor, reúne trabalhos ligados ao
regresso de Chagall do exílio nos Estados Unidos.
Em sua casa em Saint-Germain-en-Laye, nos arredores de Paris, Chagall recebia visitas de amigos intelectuais
e poetas, tais como Paul Éluard, Yvan Goll, Pierre Reverdy e Aimé Maeght, além do editor grego Tériade,
responsável pela publicação de livros de arte com obras do pintor. Chagall teria mais duas companheiras
(Virginia Haggard, de 1945 a 1952, e Valentina Brodsky, de 1952 até a morte do artista, em 1985). Desse
período emergem trabalhos marcados pela presença de palhaços e acrobatas. A arte circense remete não
apenas a sua memória dos circos de Vitebsk mas também à lembrança das sessões circenses na própria Paris,
onde, acompanhado por Ambroise Vollard, Chagall voltou a se divertir, admirando trapezistas, domadores de
animais e shows de luzes. O mundo do circo, a vida parisiense e o amor a Paris são os protagonistas das obras
desta sessão, em que figuram desenhos e pinturas a óleo, guache e nanquim, como O galo violeta (Le coq
violet), de 1966-1972; Pintor e acrobata (Peintre et acrobat), ca. 1961; Os reflexos verdes (Les reflets verts),
de 1964; Músico e dançarina (Musicien et danseuse), de 1975; A inspiração (L’inspiration), de 1978; e a série
litográfica publicada na revista Derrière Le Miroir.
Por fim, o quarto e último módulo da mostra é intitulado O amor desafia a força da gravidade, em que o
sentimento de amor, a sensação de estar apaixonado, o enlace dos enamorados são os temas das pinturas,
reforçando sempre o fato de o amor ter sido a força motriz do artista, frente aos inúmeros obstáculos da
vida. Ao seu lado, a musa e primeira esposa, Bella Rosenfeld, com quem partilhava uma visão muito particular
de perceber e habitar o mundo. Apesar de sua morte prematura, Bella continuou a inspirar trabalhos de
Chagall.
Consta dessa parte da exposição uma seleção de obras em que Chagall trata do tema ao longo de sua vida:
Buquê de rosas (Bouquet de roses), de 1930, Os amantes com buquê de flores (Les amoureux au bouquet de
fleurs), de 1935-1938, Grande nu (Grand nu), de 1952, O buquê da Lua ou Os lírios brancos (Le bouquet de la
lune ou Les arums blancs), de 1946, Os amantes com asno azul (Les amoureux à l’anê bleu), de c. 1955.
O amor como força que move a vida e a arte, tal como Chagall expressou vividamente em sua obra, encerra a
exposição, com as obras Os noivos com trenó e galo vermelho (Les Mariés au traîneau et au coq rouge), de
1957, O sonho (Le rêve), de 1980, Os noivos e o anjo (Les mariés et l’ange) e Casamento sob o dossel
(Mariage sous le baldaquin), ambos de 1981.
No Brasil, a mostra conta com trabalhos que não foram vistos em outros países. Apesar de a exposição fazer
parte de uma itinerância que foi concebida na Itália, o projeto brasileiro inclui outros repertórios, como a
série litográfica Chagall: Paris para a revista Derrière Le Miroir, e obras de 1946, como a belíssima O buquê da
Lua ou Os lírios brancos (Le bouquet de la lune ou Les arums blancs), além do diálogo com obras provenientes
de coleções museológicas brasileiras, como Vendedor de gado (Le marchand de bestiaux), do acervo do
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), raramente vista, sem deixar de mencionar as obras
da Fundação José e Paulina Nemirovsky, em comodato com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, cedidas para a exposição: O violinista apaixonado (Le violoniste amoureux), de c. 1967, Cidade cinzenta (Village gris),
de c. 1964, Casa em Peskowatik (Maison à Peskowatik), de 1922, e Autorretrato com chapéu enfeitado
(Autoportrait au chapeau garni), de 1928, integradas aos módulos da exposição.
Um dos objetivos da mostra é reaproximar o público brasileiro desse artista ímpar, proporcionando uma
imersão em seu universo vibrante e conceitual. A proposta visa a embalar o visitante numa atmosfera de
conhecimento e encantamento, “na qual possa dialogar e se sentir tocado pelos diversos sentidos do amor
que perpassa a obra de Chagall, […] num momento de fragilidades mundiais”, completa a curadora.
A exposição tem patrocínio da BB Seguros e do Banco do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à
Cultura. A organização e produção são da empresa Cy Museum, em parceria com a italiana Arthemisia.
Marc Chagall: sonho de amor
Abertura nacional: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro Quando: de 16/3 a 6/6/2022
Demais cidades:
CCBB DF: 28/6 a 18/9/2022
CCBB BH: 12/10 a 9/1/2023
CCBB SP: 1/2 a 10/4/2023
PROTOCOLO DE VISITAÇÃO AO CCBB RJ
O CCBB RJ funciona segundas das 9h às 21h; terças é fechado; de quarta a sábado das 9h às 21h e
domingo das 9h às 20h. O horário permanece o mesmo no feriado de Tiradentes e no fim de semana
de desfiles de Carnaval.
A entrada do público é permitida apenas com apresentação do comprovante de vacinação contra a
COVID-19.
O acesso ao prédio é livre, mas os ingressos para os eventos devem ser retirados na bilheteria ou
previamente pelo site ou aplicativo Eventim.
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro fica na Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro,
RJ.
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