É tempo de Julho Amarelo, mês destinado a alertar para a importância da luta contra as hepatites virais. Embora seja evitável e tratável, a hepatite (inflamação do fígado) é a segunda maior causa de morte entre as doenças infecciosas no mundo, ficando atrás apenas da tuberculose, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença, que muitas vezes age de forma silenciosa, afeta cerca de 325 milhões de pessoas no planeta e causa 1,4 milhão de mortes por ano. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) estima que, atualmente, mais de 500 mil pessoas sejam portadoras da hepatite C e não tenham conhecimento disso. Uma das principais estratégias de combate à doença, os testes rápidos utilizados no diagnóstico da infecção pelos vírus dos tipos B e C estão disponíveis de forma gratuita nas unidades básicas de saúde do estado, nas maternidades e nos serviços especializados para tratamento das hepatites virais do Sistema Único de Saúde (SUS).
– A testagem rápida é uma importante estratégia para ampliar o diagnóstico da hepatite, doença com mortalidade mundial superior à causada pelo HIV. Basta uma gota de sangue e o resultado sai em 30 minutos. Muitos não sabem que estão contaminados porque, na maioria dos casos, não há sintomas. A hepatite C tem 95% de chances de cura, com medicamentos. E o tipo B não tem cura, mas a vacina está disponível nos postos de saúde – afirma Clarice Gdalevici, coordenadora do Programa de Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Como parte das ações para embasar estratégias direcionadas à prevenção da doença e de suas complicações, Clarice Gdalevici coordena, desde 2019, o Estudo das Características Epidemiológicas e Clínicas das Hepatites Virais Agudas em Serviços de Saúde Brasileiros. A pesquisa, interrompida durante a pandemia e retomada agora, é realizada graças a uma parceria entre o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, e o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional (Proadi-SUS).
– O estudo se propõe a conhecer as causas das hepatites agudas em diferentes regiões do país, embasar ações de prevenção e alertar para a importância do diagnóstico precoce, a fim de evitar complicações crônicas. O tratamento no início da doença cura mais de 90% dos casos, evitando a evolução para cirrose ou câncer de fígado – acrescenta a coordenadora.
Comemorado em 28 de julho, o Dia Mundial das Hepatites Virais foi criado em 2010, pela OMS, com o objetivo de conscientizar a população sobre as formas de contágio e os tratamentos dos diferentes tipos da doença. No Brasil, a data passou a ser celebrada a partir de 2019, em todo o território nacional, com ações relacionadas à luta contra as hepatites virais. A meta da OMS é, no caso da hepatite C, eliminar a doença até 2030, com o aumento do diagnóstico, do tratamento, da realização de testes rápidos e da capacitação de profissionais; e diminuir em 65% o número de mortes causadas pela doença e acabar com a transmissão vertical da hepatite B, passada de mãe para filho durante a gravidez.
A hepatite pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Hepatites podem ser silenciosas, nem sempre apresentando sintomas, mas, quando eles aparecem, o paciente pode ter cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Como parte das iniciativas do Julho Amarelo, o polo de hepatite do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (IASERJ) promove na próxima quinta-feira (29.07) uma ação com o Instituto Fênix, uma ONG de mulheres de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, serão oferecidos testes de hepatite B e C para a comunidade do entorno.
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