Mesmo com as oscilações nos níveis de progressão da COVID-19 no Brasil nos últimos meses, a Universidade Federal Fluminense manteve ativas diversas ações voltadas ao enfrentamento da pandemia e diminuição do seu impacto na sociedade. Um exemplo, dentre muitos, é o projeto “Alimentação e Solidariedade na Rede de Agroecologia da UFF”, que busca ampliar e fortalecer os circuitos de produção e consumo de alimentos agroecológicos existentes em Niterói, Macaé, Angra dos Reis, Santo Antônio de Pádua, Rio das Ostras e Campos dos Goytacazes. A iniciativa é apoiada pelo Edital de Projetos de Pesquisa, Ensino e Extensão voltados para o enfrentamento da Pandemia de COVID-19 (Edital PROPPI-PROGRAD-PROEX nº04/2020), sendo executado através de arranjos locais nesses seis diferentes campi da Universidade.
O projeto articula os Núcleos e Coletivos de Pesquisa e Extensão em Agroecologia da UFF com movimentos e organizações da agricultura familiar e tem como intuito fortalecer iniciativas de comercialização e abastecimento desses alimentos, a exemplo das feiras, dos programas de venda de cestas, dos armazéns e das lojas, assim como das ações organizadas em parceria com grupos de consumo.
De acordo com o professor de Políticas Públicas no Instituto de Educação de Angra dos Reis, José Renato Porto, um dos integrantes da Rede de Agroecologia da UFF, “diante das restrições impostas pela pandemia, um conjunto bastante significativo e diversificado de respostas tem sido oferecido pelas organizações do campo da agricultura familiar, com ensinamentos relevantes a serem observados”, enfatiza.
O docente complementa explicando que: “de um lado, vê-se uma importante capacidade de adaptação (ainda que constrangida por restrições políticas e de ordem sanitária) das organizações da agricultura familiar em torno de novos arranjos de comercialização e estratégias para acesso a mercados. De outro lado, também proliferam iniciativas de doações de alimentos agroecológicos a populações em situação de vulnerabilidade, mobilizando sinergias entre entidades da sociedade civil e movimentos sociais do campo e da cidade na construção de redes de solidariedade. A proposta do projeto é acompanhar essas iniciativas nos seis territórios do estado do Rio de Janeiro onde a Rede de Agroecologia da UFF atua”.
De acordo com a coordenadora do projeto “Alimentação e Solidariedade”, Ana Maria Motta Ribeiro, professora do Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD/UFF), “esse projeto tem uma singularidade que o faz reunir um conjunto de professores pesquisadores extensionistas da universidade, cada um com sua equipe de trabalho, em diferentes campi da instituição. Construímos juntos a Rede de Agroecologia, que está viabilizando a realização do projeto em diferentes regiões do estado”, explica.
Segundo Ana Motta, “a iniciativa possui um viés colaborativo, incluindo alunos que estão sendo formados por cada um desses núcleos de pesquisa. O sentido é o de promover a solidariedade, o trabalho coletivo em plena pandemia, discutindo uma forma de alimento limpo, sem veneno e agrotóxico, uma produção fincada em agricultura familiar, que não tem a exploração da mão de obra do homem pelo próprio homem”, comemora.
O projeto “Alimentação e Solidariedade” está também articulado a um mapeamento colaborativo de âmbito nacional, a Ação Coletiva Comida de Verdade, uma iniciativa em curso construída por organizações da sociedade civil ligadas à agroecologia para o acompanhamento das estratégias e respostas que estão sendo organizadas para lidar com o contexto da pandemia.
A Rede de Agroecologia da UFF
A Rede de Agroecologia da UFF, que desenvolveu o projeto “Alimentação e Solidariedade”, consiste numa iniciativa de articulação entre núcleos e coletivos de agroecologia desses seis campi. Criada em 2019, ela tem como proposta principal construir iniciativas interdisciplinares de ensino, pesquisa e extensão a partir da integração e do trabalho coletivo, fortalecendo o tema da agroecologia dentro da Universidade e ampliando as conexões em rede com organizações e movimentos sociais ligados à agricultura familiar camponesa.
José Renato destaca que “a presença desses vários projetos de agroecologia assinala o aporte da instituição para este campo do conhecimento, em franco processo de expansão, que se define a partir da convergência entre as práticas científicas, conhecimentos populares e as experiências localizadas de promoção da agroecologia”. Nesse sentido, segundo ele, a Rede funcionaria como um espaço institucional e político para a construção de um programa permanente de apoio à agroecologia no âmbito da Universidade Federal Fluminense.
Trata-se, enfim, de um processo de construção coletiva que parte da instituição, mas que só ganha sentido transbordando seus limites para o conjunto da sociedade. Além disso, vale destacar que a articulação de parcerias em rede é uma prerrogativa de atuação da Rede de Agroecologia da UFF, que se vincula com a Articulação de Agroecologia do estado do Rio de Janeiro (AARJ), a partir de suas representações regionais.
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