Campeonato Brasileiro de Vela de Oceano começa nesta sexta-feira e conta com aluno formado no Projeto Grael.

 

_De família humilde, velejador de projeto social da família Grael, Alex Sandro, é um dos destaques no barco Bravo-GOFit, que vem do vice no 51º Circuito Rio. Ele foi campeão, em 2011, da Regata Cape Town Rio, uma das mais difíceis do mundo . Brasileirão terá ainda pentacampeão Mundial e velejador Olímpico_

_Foto: Barco Bravo-GOFit durante o 51º Circuito Rio (Crédito: Fred Hoffmann) e barco Xamã na 70ª Santos-Rio (Crédito: Aline Bassi)_

Começa nesta sexta-feira, dia 20, a partir das 12h, o Campeonato Brasileiro de Vela de Oceano nas classes IRC e BRA-RGS, que será realizado no Yacht Clube de Ilhabela (SP) e irá até o domingo, dia 22. Serão 40 barcos com cerca de 400 velejadores de todo país nas disputas de três dias pelo mar de Ilhabela.

Estão confirmados barcos de todo estado de SP (Ubatuba, Santos, Guarujá, Ilhabela), RJ, ES e RS e conta com nomes como Maurício Santa Cruz, pentacampeão Mundial por duas classes diferentes, bicampeão Pan-Americano na Rio-2007 e com duas participações Olímpicas. Ele virá no carioca Danadão, atual campeão brasileiro da classe IRC em Búzios (RJ), 2019. Também estará na raia o gaúcho de São Leopoldo, Samuel Albrecht, pelo barco gaúcho Crioula 29. Albrecht estará em Tóquio-2021 em sua terceira Olimpíada na classe Nacra 17.

Os barcos santistas virão em peso, com o Rudá/Blue Seal, com títulos brasileiros no currículo, o Inaê Transbrasa e o Bravo-GOFit, de Jorge Berdasco, que tem um velejador de origem humilde, oriundo do projeto Grael, em Niterói (RJ). Alex Sandro, apelidado de Piu Piu, é filho de empregada doméstica com despachante rodoviário. Não conheceu seu pai que veio a falecer quando tinha apenas um ano de idade. Sua mãe, Sandra, criou ele e seus dois irmãos sozinha em comunidade carente de Jurujuba, em Niterói (RJ).

“Em 2001, com 13 anos de idade, meus amigos me plantaram uma semente falando de projetos sociais próximos à comunidade, o Fernanda Keller e o Grael. Os dois ficavam bem em frente, me deparei com três containers e acabei entrando por engano no Grael e, digamos que de lá nunca mais saí. Sou imensamente grato porque não tenho dúvidas que fez uma imensa diferença na minha vida. Aprendi a nadar, velejar, fazer manutenção dos nossos veleiros, sobre meio-ambiente, elétrica, eletrônica de veleiros e etc. Fui me destacando entre os alunos, recebi oportunidade para trabalhar fora do projeto. Por diversas vezes tentei parar por motivos sérios. O preconceito sofrido por ser morador de comunidade foi um deles e a falta de dinheiro também. Por várias vezes já saí para velejar sem café da manhã e sem dinheiro para o almoço Foram dias difíceis, mas enxergo como aprendizado, a escassez me fez contemplar e valorizar as coisas simples da vida. Entre 2005 e 2007, fiquei afastado da vela, fui trabalhar como cobrador de van”, relatou Alex Sandro.

Em 2011 teve mais um ponto de virada na vida, a disputa da Cape Town Rio, regata que larga na África do Sul e chega no Rio de Janeiro, uma das mais difíceis do mundo. Junto com outros três membros do projeto Grael e mais três sul-africanos, se tornaram os primeiros brasileiros a vencerem a Regata: “Surgiram várias oportunidades depois desse resultado. Comecei a ministrar aulas de velejei com pessoas famosas do mundo náutico. A partir de 2013, comecei minha primeira atividade com alunos do projeto Grael. Queria retribuir o que fizeram para mim, dando oportunidades para quem estivesse iniciando. Fomos campeões em várias classes. Em 2017 abri minha empresa de aluguel de veleiros com um grande amigo. Hoje trabalho com isso, manutenção de veleiros e instrutor de vela”.

Jorge Berdasco, comandante do Bravo-GOFit, enxergou o potencial de Alex Sandro e o tem como timoneiro do barco que foi vice-campeão do tradicional 51º Circuito Rio, do Rio de Janeiro, no começo de novembro: “Alex está no Bravo há três anos. Conhecemos por um amigo em comum. A história é bem bacana, de muita luta e superação, oriundo do projeto Grael. Ele vive no mar é de grande valia para nossa equipe”, apontou Jorge destacando as chances de título no Brasileiro: “Estamos com expectativa boa. As condições em Ilhabela não nos favoreceram normalmente, mas vamos tentar ser a surpresa, assim como fomos no Circuito Rio”.

Ilhabela vem bem representada para o Brasileiro com o Xamã, do Yacht Club de Ilhabela, vice-campeão da 70ª Santos-Rio, buscando o troféu na IRC. Este barco foi abalroado ano passado na Baía de Guanabara e recuperado por dois caiçaras de Ilhabela especialistas em obras de barco, após dois meses de trabalho. Na classe BRA-RGS, os barcos locais BL3Urca e Zeus buscam o caneco. O BL3Urca, comandado por Clauberto Andrade, paraense radicado em Ilhabela, há 20 anos.

Além das classes IRC e BRA-RGS, estarão em disputa na 3ª etapa da Copa Suzuki as classes C-30, HPE25 e Bico de Proa. As inscrições seguem abertas pelo site do Yacht Club de Ilhabela.

Programação do Evento:

19/11 – Chegada dos barcos e preparação dos mesmos

20/11 – 12h – Primeira regata nas classes IRC e BRA-RGS

21/11 e 22/11 – 12h – Regatas do dia classes IRC e BRA-RGS

 

A 3ª Etapa da Copa Suzuki 2020, Campeonato Brasileiro IRC e BRA-RGS, contra com a organização e realização do Yacht Club de Ilhabela, com patrocínio master da Suzuki Veículos, co-patrocínio do GOFit, e apoios da ABVO, Prefeitura Municipal de Ilhabela, Balaio de Ideias, Control Service e FEVESP.

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