Medo de infecção pelo Covid-19 trouxe queda em tratamentos médicos diversos, segundo CHN.
Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Niterói, faltam apenas 0,2% para se alcançar o estágio Amarelo 2, alerta máximo, com previsão do retorno de muitas atividades na cidade já no dia 22 de junho. Informações do Complexo Hospitalar de Niterói, CHN, que tem como chefe da internação o médico clínico Vitor Dominato, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 70% das mortes por Covid-19 no país têm relação com as comorbidades advindas de doenças crônicas, em pessoas com uma alimentação não saudável, inseridas no tabagismo, alcoolismo e sedentarismo, em quadros de hipertensão, diabetes e doenças neoplásicas – como o câncer – e as patologias cerebrovasculares, como os AVCs.
De acordo com o dr. Felipe Ribeiro, coordenador do Centro Integrado de Soluções Médicas do CHN, as doenças crônicas mais negligenciadas pela sociedade costumam ser as mais prevalentes e silenciosas – especialmente a hipertensão e o diabetes. “Muitas vezes, essas condições só começam a chamar a atenção do paciente quando já causaram danos no organismo, podendo ser irreversíveis.”, explica.
“Por causa desses sucessivos danos ao organismo causados por essas doenças, o paciente passa a perder qualidade de vida ao longo do tempo e se torna vulnerável e mais frágil, seja pela doença em si, seja pela não aderência ao tratamento ou mesmo pelos obstáculos enfrentados. Em alguns casos, a falta de freqüência nos consultórios médicos dificulta a cura de doenças, como os cânceres de cólon e de intestino. Por isso, é essencial manter o acompanhamento médico para condições crônicas durante a pandemia. Trata-se de minimizar riscos”, acrescenta.
Na contramão das recomendações de especialistas, profissionais e instituições têm reportado uma considerável queda em atendimentos médicos desde os primeiros casos da Covid-19 no país. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista, por exemplo, apontam um declínio de mais de 50% de consultas médicas e cirurgias em comparação com o mesmo período no ano anterior.
Ainda que os riscos sejam consideráveis, diversos pacientes com doenças crônicas deixaram de sair de casa integralmente pelo medo da infecção pelo novo coronavírus. “Temos ciência, por exemplo, de que portadores de insuficiência renal crônica não têm comparecido à hemodiálise por medo; hipertensos e diabéticos não têm ido mais à farmácia. É importante que as autoridades médicas conscientizem a população de que há maneiras alternativas para deixar o acompanhamento da saúde em dia”, comenta.
Felipe também ressalta que o abandono ao tratamento dos pacientes com doenças crônicas pode transformar quadros leves em graves. “Mais de 80% dos casos são brandos ou assintomáticos. Ainda assim, em algumas ocasiões, um quadro infeccioso em um paciente com uma doença descompensada traz grandes riscos. Temos visto, nas últimas semanas, pacientes cuja infecção por covid-19 se tornou grave justamente por causa da doença de base não estar sendo acompanhada e a não aderência ao uso de medicações”.
Segundo o médico, a exceção para a obrigatoriedade do atendimento continuado se aplica aos tratamentos que causem impacto direto na imunidade. Em virtude da pandemia, o uso de imunossupressores, como no caso dos medicamentos quimioterápicos, precisa ser repensado, levando o cenário atual em consideração. É necessário haver zelo e cuidado na orientação do paciente.
“A equipe do CHN adotou algumas medidas para evitar essa evasão. Dentre elas, é preciso destacar a divisão do hospital em duas zonas distintas, em que algumas instalações e equipamentos foram separados exclusivamente em dois prédios para pacientes com sintomas respiratórios e suspeita de Covid e três torres para atendimento das doenças crônicas e emergências não Covid (adulto e pediátrico).
“Também estamos disponibilizando canais de telemedicina para mantermos o acompanhamento dos portadores de doenças crônicas. Médicos e equipes de saúde são testados regularmente e os pacientes têm sido testados nos centros cirúrgicos antes da internação. Por fim, usamos todas as nossas mídias para disseminar informações confiáveis e seguras, o que ajuda a reduzir a ansiedade motivada pela insegurança.”
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